terça-feira, 1 de junho de 2010

A posse definitiva

Segundo a regra, a Taça Jules Rimet era de posse transitória. Ficava com o campeão do mundo até a Copa seguinte, quando essa voltava para a FIFA e o país em questão recebia uma réplica oficial. Mas isso só duraria até algum país acumular três títulos mundiais e passar até a posse definitiva do troféu. Até então, Uruguai e Itália, com dois títulos cada, estavam mais próximos da conquista. Porém, ela não foi nem para um lado, nem para o outro. O dono da Jules Rimet vestia uma camisa amarela.

1962 - Chile

Em 1962, pela 3ª vez na história, a Copa do Mundo foi realizada na América do Sul, com o palco da vez sendo o Chile.

O regulamento foi mantido em relação a quatro anos antes.

A 1ª fase marcou as eliminações da Argentina, pelo segundo mundial seguido, e dos bicampeões Uruguai e Itália, que já haviam dado vexame em 1958, quando sequer passaram das eliminatórias.

Nas quartas-de-final, a surpreendente Iugoslávia eliminou a Alemanha Ocidental, enquanto, em um confronto de favoritos, o Brasil venceu a Inglaterra por 3x1.

Nas semifinais, houve, de um lado, um duelo europeu, entre Iugoslávia e Tchecoslováquia, e do outro, um confronto sul-americano, entre os anfitriões do Chile e os atuais campeões do Brasil. Os tchecoslovacos, que venceram por 1x0, e os brasileiros, que ganharam de 3x1, avançaram à decisão.

A final, disputada no estádio Nacional de Santiago, teve como grande protagonista o brasileiro Garrincha. Campeão em 1958, assumiu a responsabilidade em 1962 após a contusão de Pelé, que só jogou os dois primeiros jogos do torneio. Garrincha não marcou, mas brilhou na virada de 3x1 que garantiu o bicampeonato mundial à Seleção Brasileira.



Garrincha e Pelé

1966 - Inglaterra

No período pré-guerra, a Inglaterra boicotava a Copa do Mundo, pois não concordava com a FIFA sendo a entidade máxima do futebol mundial. Porém, a partir de 1950, os ingleses resolveram mudar de postura e aderiram à competição, ao ponto de tornarem-se sede em 1966. Na 1ª fase, que seguia o mesmo modelo das edições anteriores, várias zebras ocorreram. A maior delas, sem dúvidas, foi a eliminação do atual bicampeão Brasil. Mas os brasileiros não foram só: a também bicampeã Itália mais uma vez não avançou à 2ª fase, assim como o Chile, semifinalista em 1962. Mas surpresas positivas também aconteceram, como a classificação dos estreantes Portugal e Coreia do Norte.

Ambas as seleções se enfrentariam num jogo épico nas quartas-de-final, com os norte-coreanos abrindo 3x0, mas sofrendo a virada para 5x3, com um show de Eusébio, artilheiro daquele Mundial. Ainda nas quartas, a Alemanha Ocidental atropelou o Uruguai, por 4x0, enquanto, num confronto que passaria a ser de grande rivalidade anos mais tarde, os anfitriões ingleses eliminaram a Argentina por 1x0.
Nas semifinais, os dois jogos terminaram em 2x1: para a Inglaterra, contra Portugal, e para a Alemanha Ocidental, contra a União Soviética.


A final, disputada no lendário estádio Wembley, em Londres, o maior templo do futebol mundial, foi emocionante. Aos 12 minutos do 1º tempo, Haller fez 1x0 para os alemães. Aos 18, Hurst empatou para os donos da casa. Na 2ª etapa, aos 33, Peters virou para a Inglaterra, mas a Alemanha Ocidental empatou com Weber, aos 44 minutos do 2º tempo.


Na prorrogação, Hurst marcou um gol polêmico, aos 11 minutos da 1ªa parte. Polêmico porque a bola não entrou, mas o tento foi validado mesmo assim. No último minuto da prorrogação, Hurst fez o seu terceiro gol: 4x2 para a Inglaterra. Os inventores do futebol agora eram também os campeões do mundo!

1970 - México

Pela 1ª vez na história, a Copa do Mundo não foi disputada nem na Europa nem na América do Sul. O palco da vez foi a América do Norte, mais precisamente o México, país de seleção sempre presente nos Mundiais.


O regulamento das edições anteriores foi mantido, mas duas novas regras, hoje essenciais, foram introduzidas no jogo: as substituições de jogadores (duas para cada equipe) e os cartões amarelo e vermelho.


Houve uma ausência sentida: a Argentina, que não conseguiu se classificar à Copa, perdendo sua vaga para o Peru. Na 1ª fase, a única surpresa foi o pífio desempenho da sempre forte Tchecoslováquia, que perdeu todos os seus três jogos. Mas o quem mais marcou foi a Itália, que conseguiu avançar para a 2ª fase pela primeira vez desde o título de 1938. O Uruguai, outro bicampeão que vinha de campanhas fracas, também se classificou.


Nas quartas-de-final, Brasil e Uruguai confirmaram suas respectivas classificações, enquanto a Itália humilhava os anfitriões mexicanos por 4x1 e a Alemanha Ocidental se vingava da Inglaterra, com uma vitória por 3x2, com direito a prorrogação, assim como quatro anos antes.
Às semifinais, chegaram três bicampeões. Como previa a FIFA, o primeiro que conquistasse três títulos passaria a ter a posse definitiva da Taça Jules Rimet. Ou seja, se o campeão fosse Itália, Uruguai ou Brasil, a FIFA teria de criar um novo troféu. Se a Alemanha Ocidental fosse a campeã, essa se igualaria às rivais e levaria a "decisão" para 1974, quando jogaria em casa.

No confronto sul-americano, o Brasil venceu o Uruguai por 3x1 e chegou à final pela terceira vez em 4 edições. Do outro lado, Itália e Alemanha Ocidental fizeram um jogo que é considerado por muitos como o maior da história das Copas. Bosinegna abriu o placar para a Azzurra logo aos 7 minutos de jogo. Mas, no último minuto, a Alemanha chega ao empate, com Schnellinger, forçando uma prorrogação. A partir daí, mais meia hora de bola rolando, que valeu mais que duas partidas inteiras. Aos 5 minutos, Gerd Müller virou para a Alemanha, mas Burgnich empatou 3 minutos depois. Ainda na 1ª parte, Riva fez 3x2 para a Itália. No 2º tempo, ao 10, Gerd Müller marcou seu 10º gol naquela Copa, sendo o artilheiro da competição e empatando novamente. Porém, dois minutos depois, Rivera marca. A Itália vence por 4x3 e, após exaustiva prorrogação, volta a uma final de Copa do Mundo após 32 anos. E vale ressaltar que o craque alemão Franz Beckembauer jogou parte do jogo com uma tipóia, pois havia fraturado a clavícula e a Alemanha Ocidental já havia feito as 2 substituições permitidas na época.


Portanto, a final, no estádio Azteca, na Cidade do México, definira o primeiro tricampeão do mundo e o destino final da Jules Rimet. O Brasil apostava, além do incrível time, formado por Pelé (em sua última Copa), Gérson, Tostão, Jairzinho, Rivellino, etc., no cansaço italiano, após a batalha contra os alemães. Quando a bola rolou, Pelé abriu o placar para o Brasil, mas Bosinegna empatou para a Itália ainda no 1º tempo. Na 2ª etapa, como previsto, a Azzurra começou a sentir o cansaço e a festa brasileira começou a ser armada. Gérson, aos 20, colocou o Brasil de novo na frente, e, cinco minutos depois, Jairzinho, que marcou em todos os jogos dos brasileiros naquela Copa, fez 3x1. Aos 41, o Brasil ainda conseguiu o quarto gol, marcado pelo capitão Carlos Alberto. 4x1, Brasil, o primeiro tricamepão mundial e dono definitivo da Taça Jules Rimet. Pelo menos até 1983, quando foi roubada da sede da CBF. Mas aí já é outra história...

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