sexta-feira, 4 de junho de 2010

Dois gigantes e um novo campeão

Chega a virada do século, que é marcada por dois grandes craques: Ronaldo e Zidane. Os gigantes Brasil e Itália acrescentam mais um título em suas respectivas coleções, enquanto a França se torna um novo membro do seleto grupo dos campeões do mundo.

1998- França

Eis que chegam ao fim o século XX e o 2º milênio. E ambos foram fechados com chave de ouro pela Copa do Mundo de 1998. Pela segunda vez na história, a França sediou o torneio. Mas, ao contrário de 60 anos antes, não era mais uma seleção qualquer, pois já havia feito grandes Mundiais em 1958, 1982 e 1986, quando chegou às semifinais, e, principalmente, conquistou um título da Eurocopa, em 1984. O lado negativo dos anfitriões é que haviam ficado de fora das Copas de 1990 e 1994, resultado claro do fim da "Era Platini". Porém, surgiam novos valores, como Djorkaeff, Henry e, sobretudo, Zidane, que queriam levar a França de volta ao primeiro escalão.

O regulamento mudou. O número de participantes saltou de 24 para 32, e agora só se classificavam os dois primeiros de cada grupo. As principais ausências foram o bicampeão Uruguai e a Suécia, semifinalista em 1994.

Na 1ª fase, a grande zebra foi a eliminação da Espanha, que foi a França confiante, mas perdeu para a Nigéria e empatou com o Paraguai. Nem mesmo a goleada sobre a Bulgária na última rodada por 6x1, a maior daquela Copa, serviu para salvar a vida do espanhois.

Já nas oitavas-de-final, um grande jogo: Argentina x Inglaterra. Logo aos 5 minutos de jogo, o árbitro marca um pênalti inexistente a favor da Argentina. O matador Gabriel Batistuta, maior artilheiro da história da seleção "albi-celeste", cobra e abre o placar: 1x0. Quatro minutos depois, outro pênalti, dessa vez para a Inglaterra. Alan Shearer bate e empata. Aos 16, o garoto Michael Owen, de apenas 18 anos, faz jogada espetacular e vira o jogo para os ingleses: 2x1. Nos acréscimos da 1ª etapa, após cobrança de falta ensaiada, Javier Zanetti deixa tudo igual novamente. No 2º tempo, após ser provocado por Diego Simeone, David Beckham, considerado o maior jogador inglês, agride o adversário e é expulso. O jogo termina nos 2x2 e acaba sendo decidido nos pênaltis. Carlos Roa defende duas cobranças inglesas e coloca a Argentina nas quartas-de-final. Nos outros confrontos, O Brasil passa fácil pelo Chile, a França sofre, mas vence o Paraguai e Alemanha, Itália e Holanda também se garantem nas quartas.

Nas quartas-de-final, os anfitriões franceses, que, até o momento, tinham 100% de aproveitamento, têm um verdadeiro teste de fogo: a Itália. O jogo foi bom, com boas chances de gols para ambos os lados, principalmente para os franceses. Mas o zero não saiu do placar e a decisão foi para os pênaltis, vencidos pela França, por 4x3. Pelo 3º vez Mundial seguido, a Itália caía nas penalidades. Brasil e Dinamarca fizeram um jogaço. Jorgensen abre o placar para os dinamarqueses logo aos dois minutos. Aos 11, Bebeto empata e Rivaldo vira aos 27. No 2º tempo, Brian Laudrup, aos 5 minutos, empata para a Dinamarca, mas Rivaldo, dez minutos depois, faz o gol da vitória e da classificação brasileira: 3x2. Argentina e Holanda também fazem um grande jogo. Aos 12, a Laranja Mecânica abre o placar, com Kluivert. Cinco minutos mais tarde, Claudio Lopez empata para a Argentina. Quando todos já se preparavam para a prorrogação, Dennis Bergkamp, aos 44 minutos do segundo tempo, faz 2x1 para a Holanda e garante os europeus na semifinal. A Alemanha, assim como em 1994, deu vexame nas quartas. Foi humilhada pela estreante Croácia por 3x0 e disse adeus ao sonho de conquistar o tetra ainda no século XX.

Nas semifinais, a França espantou a zebra croata com uma vitória por 2x1, de virada, e se garantiu na final pela 1ª vez na história. Na outra partida, Brasil e Holanda fizeram mais um grande jogo. Após um 1º tempo sem gols, Ronaldo abriu o placar para o Brasil já no primeiro minuto da etapa final. Os brasileiros já começavam a comemorar a classificação quando, aos 42, Patrick Kluivert empata o jogo e leva para a prorrogação. Como normalmente acontecia nas prorrogações com gol de ouro, ninguém ousou, pois sofrer um gol seria o fim da Copa. E vieram os pênaltis. Taffarel defende duas cobranças e classifica o Brasil para a final.

O palco da decisão foi o novíssimo Stade de France, em Saint-Denis, nas cercanias de Paris. Antes da bola rolar, muita polêmica, sobre um suposto veto médico ao brasileiro Ronaldo. Porém, ele foi para jogo. Aos 27 minutos, após cobrança de escanteio, Zidane marcou de cabeça: 1x0 para a França. Nos acréscimos, o filme se repetiu: escanteio para a França e Zidane, de cabeça, manda parra o fundo das redes. Com 2x0 contra, o Brasil foi com tudo para o segundo tempo. Porém, a pressa rapidamente converteu-se em desespero, e a equipe brasileira nada conseguia produzir. No final do jogo, Emannuel Petit fechou o caixão: França 3x0. Pela 1ª vez na história, os franceses eram campeões da Copa do Mundo. E o século XX pode chegar ao fim com um dos Mundiais mais fantásticos de todos os tempos.


Zinedine Zidane: o craque da virada do século


2002 - Coreia do Sul e Japão

O 1º Mundial do século XXI e do 3º milênio já chegou com uma grande novidade: pela primeira vez, dois países sediariam a Copa do Mundo ao mesmo tempo, Japão e Coreia do Sul, o que significaria também o primeiro Mundial jogado na Ásia.

O regulamento de 1998 foi mantido integralmente. Após dois Mundiais seguidos de fora, o Uruguai voltou a marcar presença, mas já caiu na 1ª fase sem vencer nenhuma partida. A Holanda, após grandes participações, ficou de fora.

A primeira fase foi zebra total. A própria abertura, em Seul, foi histórica, com a França, atual campeã do mundo e da Europa e favorita disparada, perdendo para o estreante e inexpressivo Senegal, por 1x0. A França ainda ficaria no 0x0 com o Uruguai e levaria 3x0 da Dinamarca e sairia da Copa com a pior campanha de um atual campeão em todos os tempos, sem marcar sequer um gol. Outro favorito que caiu foi a Argentina. Dona de um grande time e grande campanha nas eliminatórias sul-americanas, caiu em um grupo dificílimo. Ganhou da Nigéria, perdeu para a Inglaterra e empatou com a Suécia. Fez 4 pontos, ficou em 3º e foi eliminada. Portugal, que voltava após 16 anos de ausência com grande expectativa, muito por causa do astro Luís Figo, também decepcionou. Mesmo em grupo fraco, com Coreia do Sul, Estados Unidos e a decadente Polônia, fez apenas 3 pontos e acabou eliminado. A Itália por pouco não foi pelo mesmo caminho, mas se classificou.

Nas oitavas-de-final, outra zebrassa, mas com forte influência da arbitragem. A Itália vencia a Coreia do Sul, em Seul, por 1x0 quando, no último minuto, o árbitro ignorou um pênalti sobre o italiano Inzaghi. No contra-ataque, os coreanos empataram o jogo e levaram para prorrogação, onde Seol marcou o gol da histórica classificação para as semifinais. Curiosamente, foi mandado embora de seu clube, o Perugia, da Itália, por causa desse gol. Nos outros jogos, Brasil e Alemanha venceram, a Inglaterra deu show, o co-anfitrião Japão foi eliminado pela Turquia e Senegal surpreendeu mais uma vez, ao vencer a Suécia na prorrogação e chegar às quartas-de-final, se igualando à Camarões de 1990.

Nas quartas, a Alemanha venceu o EUA por 1x0 e chegou às semi. A zebra Senegal foi eliminada na prorrogação, contra a Turquia. Espanha x Coreia do Sul foi polêmico ao extremo: após um gol do espanhol Baraja ser anulado inexplicavelmente, ainda no 1º tempo, o jogo fica no 0x0 e vai para a prorrogação, onde a Espanha tem outro gol mal anulado. Nos pênaltis, a Coreia vence por 5x3 e se torna o primeiro país asiático a chegar às semifinais. O grande jogo foi Brasil x Inglaterra. Após uma lambança do zagueiro brasileiro Lúcio, Owen abre o placar para o English Team. No final do 1º tempo, surge Ronaldinho. O gaúcho fez boa jogada e passou para Rivaldo empatar, já nos acréscimos do 1º tempo. No 2º, Ronaldinho cobra uma falta de longe, tentando cruzar. Mas a bola faz uma curva, engana o goleiro David Seaman e entra. Como se não bastasse, o brasileiro ainda é expulso, mas o Brasil segura os 2x1 e se garante nas semifinais.

Nas semi, as zebras resolvem ir embora e a lógica prevalece, com o Brasil vencendo a Turquia e a Alemanha derrotando a Coreia do Sul, ambos por 1x0.

Pela primeira vez em Copas, Brasil e Alemanha se enfrentariam, e logo numa final. O palco foi o estádio Internacional de Yokohama, no Japão. O 1º tempo foi bom, mas não teve gols. No 2º, o goleiro Oliver Kahn, o melhor jogador da Copa, comete uma falha incrível, bate roupa e entrega a bola nos pés de Ronaldo, que não perdoa: Brasil 1x0. A Alemanha vai para cima, mas a noite no Japão era verde e amarela. Após jogada de Kléberson, Rivaldo faz o corta-luz e a bola sobra para Ronaldo, que, letal, marcou seu segundo gol no jogo, oitavo na Copa. 2x0 para o Brasil, campeão mundial pela 5ª vez., começando o século XXI repetindo o que mais fez no século XX.

2006 - Alemanha

Pela 2ª vez na história, a Alemanha foi sede da Copa do Mundo. Ou primeira, pois quem sediou em 1974 foi apenas a Alemanha Ocidental. Inclusive, uma das sedes de 2006, Leipzig, fazia parte da antiga Alemanha Oriental.

O regulamento permaneceu igual, pela 3ª edição seguida. O Uruguai mais uma vez ficou de fora, assim como Turquia e Senegal, surpresas de 2002.

Se em 2002 sobraram zebras na 1ª fase, elas sumiram em 2006. Nas oitavas-de-final, Alemanha, Brasil, Itália e Inglaterra venceram e se classificaram. A Argentina suou, mas venceu o México na prorrogação. Em um jogo que registrou incríveis 20 cartões, sendo 16 amarelos e quatro vermelhos, recorde em Copas do Mundo, Portugal venceu a Holanda por 1x0. A Suíça perdeu para a Ucrânia nos pênaltis e se tornou o primeiro país a ser eliminado sem levar nenhum gol ao longo do torneio. No principal jogo, a França, que fez fraca primeira fase, venceu a Espanha, que tinha 100% de aproveitamento, por 3x1 e ressussitou.

Nas quartas, Argentina e Alemanha fizeram um grande jogo. Os argentinos abriram o placar no começo do 2º tempo, com Roberto Ayala. E os alemães empataram aos 35, com Miroslav Klose. Nos pênaltis, a Alemanha se garantiu em sua segunda semifinal seguida. No mesmo dia, a Itália venceu fácil a Ucrânia, por 3x0. Estava formada a 1ª semifinal. No dia seguinte, Inglaterra e Portugal ficaram no 1x1. Nos pênaltis, os ingleses deram uma aula de como não se deve cobrar penalidades e caíram, por 3x1. Logo depois, o Brasil, favorito disparado ao título, perdeu para a França, por 1x0. Após 3 finais seguidas, os brasileiros não chegavam sequer entre os quatro melhores.

Na semifinal, as tricampeãs Alemanha e Itália se enfrentaram em Dortmund. O jogo foi bom, mas os gols não saíram. Na prorrogação, as duas equipes respeitavam-se, mas sem abdicar de jogar. Até que, no penúltimo minuto do 2º tempo, Fabio Grosso faz 1x0 para a Itália. Os anfitriões vão com tudo em busca do empate. No desespero, deixam espaço para a Azzurra encaixar um contra-ataque e Alessandro Del Piero matou o jogo: 2x0, Itália na final. A outra partida foi menos emocionante, com a França vencendo Portugal por 1x0.

O estádio Olímpico de Berlim recebeu a decisão entre Itália e França. Logo aos 5 minutos, pênalti para a França. Zidane, com uma frieza incrível, bate com efeito e marca: 1x0. Aos 17, Materazzi empata. Mas não foi pelos gols que Zidane e Materazzi ficaram marcados nesse jogo. A partida terminou 1x1 e foi para a prorrogação. Nos 30 minutos, só aconteceu uma coisa importante, mas que entrou para a história: após ser provocado por Materazzi, Zidane acerta uma cabeçada no zagueiro italiano e é expulso. Essa era a última partida como profissional de Zizou, que já havia anunciado que encerraria a carreira após a Coa. Um triste fim para uma trajetória brilhante. E, pela segunda vez na história, a Copa do Mundo seria decidida nos pênatis. Curiosamente, as duas teve a Itália em campo. Graças a uma cobrança no travessão de David Trezeguet, a Azzurra encerrou um longo jejum de 24 anos e conquistou a Copa do Mundo pela quarta vez. E, de quebra, encerrou a maldição dos pênatis, que a derrubou em 1990, 1994 e1998 .

Um comentário:

  1. Cheguei a este blog através do seguidor "Banrisul" e passei a segui-lo também. O meu blog chama-se BLOG DO MANUEL.
    Cumprimentos.

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