quinta-feira, 3 de junho de 2010

A era Maradona

Diego Armando Maradona foi um dos maiores jogadores da história - para muitos, o maior de todos. Na campanha vitoriosa da Argentina em 1978, apesar de todo o apelo popular, não foi convocado. Em 1982, foi, mas não brilhou. Porém, os três Mundiais relatados neste post foram os que ele mais apareceu. Em 1986, fez, provavelmente, a maior atuação de um jogador ao longo de uma Copa do Mundo. Em 1990, jogou no palco onde se destacou na Europa e levou seu país a mais uma decisão. Em 1994, sua última Copa, mostrou seu outro lado, nada glorioso, ao ser suspenso por doping.

1986 - México

Sede: esse sem dúvidas foi o grande problema desse Mundial. A princípio, a Copa do Mundo de 1986 seria disputada na Colômbia. Porém, devido à forte crise financeira que o país atravessava, acabou desistindo do Mundial. A FIFA chegou a oferecer a sede ao Brasil, que não aceitou, pois também atravessava forte crise. Então, o México se ofereceu para receber a Copa e foi aceito. Porém, meses antes do início da competição, o país foi atingido por um forte terremoto, que ameaçou a realização do Mundial. No entanto, os mexicanos conseguiram se reerguer e mantiveram a Copa em seu país. E o México se tornava o 1º país a sediar duas Copas do Mundo.

O regulamento, em relação a 1982, manteve os 24 participantes. Porém, o número de classificados para a 2ª fase, jogada no sistema de mata-mata, subiu para 16 (os dois primeiros de cada um dos seis grupos, mais os quatro melhores terceiros colocados). Como sempre, houve uma ausência sentida, que dessa vez foi a Holanda.

Após uma 1ª fase que teve como única surpresa o Marrocos se classificando em 1º lugar num grupo que tinha Inglaterra, Polônia e Portugal (que voltava à Copa após 20 anos, mas não passou na fase inicial), as oitavas-de-final teve confrontos importantes, como a vitória da Argentina sobre o Uruguai por 1x0, a queda da atual campeã Itália frente à França por 2x0 e o massacre da Espanha contra a Dinamarca, sensação da 1ª fase, por 5x1, além de goleadas do Brasil, contra a Polônia (4x0) e da Inglaterra, frente ao Paraguai (3x0).

Nas quartas-de-final, três confrontos foram definidos nos pênaltis: após empate em 1x1 no tempo normal, a Bélgica venceu a Espanha por 5x4 e chegou às semifinais pela 1ª vez; depois de empate sem gols, o anfitrião México foi eliminado pela Alemanha Ocidental por 4x1; e, em um jogo marcante, Brasil e França ficaram no 1x1, com direito a pênalti perdido pelo brasileiro Zico. Na decisão por pênaltis, Platini jogou sua cobrança para fora, mas os franceses venceram por 4x3 e chegaram às semifinais pela segunda vez seguida. Mas o grande jogo foi, sem dúvidas, Argentina e Inglaterra. Em um jogo de extrema rivalidade extra-campo, devido à Guerra das Malvinas (ou Falklands, como chamam os britânicos), o craque Diego Maradona arrebentou. Após um 1º tempo sem gols, "El Pibe D'Oro" abriu o placar para a Argentina aos 6 da etapa final, com um gol marcado escandalosamente com a mão. Quatro minutos depois, driblou meio time da Inglaterra e marcou um gol antológico, talvez o mais belo de todos os Mundiais. Aos 36, os ingleses diminuíram, com Gary Lineker. Embora tenha forçado nos dez minutos restantes, os britânicos disseram adeus à Copa do Mundo de 1986.

Nas semifinais, mais uma vez, Maradona brilhou e marcou os dois gols argentinos na vitória por 2x0 sobre a Bélgica. Pelo mesmo placar, os alemães eliminaram a França pela segunda semifinal de Copa do Mundo seguida.

16 anos depois, o estádio Azteca, na Cidade do México, voltou a ser o centro do mundo da bola. Alemanha Ocidental e Argentina foram a campo em busca de mais um título mundial, o terceiro para os europeus, o segundo para o país sul-americano. Aos 23 minutos, Brown abriu o placar para a Argentina. No segundo tempo, aos 10, Jorge Valdano fez 2x0. Mas a Alemanha Ocidental não desistiu e diminuiu aos 29, com Karl-Heinz Rummenigge, colocando fogo no jogo. Tanto fogo que, seis minutos mais tarde, chegou ao empate, com Rudi Völler. Porém, apenas três minutos depois, Burruchaga marcou o gol do título da Argentina: 3x2. Em uma final épica, os argentinos conquistaram a Copa do Mundo pela 2ª vez na história, ficando bem próximos dos recordistas Brasil e Itália, ambos com três títulos até então.


Diego Maradona: ele foi notório nos três Mundiais

1990 - Itália

Pela 2ª vez na história, a Itália sediou a Copa do Mundo. Dessa vez, muitas diferenças haviam em relação a 60 anos antes. A Copa já era uma competição consolidada e já não havia boicotes, como o do Uruguai, em 1934. Pelo contrário, as seleções faziam de tudo para jogar o Mundial. Como o Chile, por exemplo, que teve o goleiro Rojas simulando ter sido atingido por um sinalisador, na partida contra o Brasil, no Rio de Janeiro, para forçar o encerramento do jogo, uma possível desclassificação brasileira e evitar a eliminação chilena naquele dia. Não adiantou: foi banido do futebol pela FIFA e o Chile foi impedido de jogar as eliminatórias para 1994.

O regulamento de 1986 foi integralmente mantido e a única ausência mais sentida foi a da França, semifinalista nas duas edições anteriores.

Após uma 1ª fase que nenhum favorito ficou pelo caminho, as oitavas-de-final colocaram frente-a-frente ninguém menos que Brasil e Argentina. Os brasileiros tinham 100% de aproveitamento, mas não empolgavam. Já os argentinos, sofreram para passar da 1ª fase. O Brasil jogou melhor o jogo inteiro, mas, aos 35 do 2º tempo, após grande jogada, Maradona deixou Caniggia na cara do gol. Oportunista, ele não desperdiçou: 1x0 para a Argentina, e o Brasil saiu da Copa do Mundo com uma participação das mais amargas. Em outro confronto entre campeões, a anfitriã Itália venceu o Uruguai por 2x0. Mas um jogo que chamou a atenção de todos foi Colômbia x Camarões. Após empate em 0x0 no tempo normal, Camarões venceu a prorrogação por 2x1, com dois gols de Roger Milla, um deles numa lambança do folclórico goleiro Higuita (tentou ir driblando até o meio de campo e perdeu a bola, quando já perdia por 1x0) e se tornou o 1º país africano a chegar às 4as de final.

Nas quartas, a Argentina venceu a Iugoslávia, nos pênatis, por 3x2, com direito a cobrança perdida por Maradona, após empate em 0x0, e se classificou para as semifinais. Itália e Alemanha Ocidental fizeram 1x0 em Irlanda e Tchecoslováquia, respectivamente, e também avançaram. Com um gol na prorrogação, a Inglaterra venceu Camarões por 3x2 e chegou às semifinais pela 2ª vez na história, colocando um ponto final na melhor campanha de um país africano em Copas do Mundo até então.

Nas semifinais, os dois confrontos foram para os pênaltis. Após empate em 1x1, a Alemanha Ocidental venceu a Inglaterra por 4x3 e se tornou o primeiro país a chegar três vezes seguidas à final. Na outra partida, Maradona, considerado um deus em Nápoles, foi ao estádio San Paolo como adversário - e soltou palavrões contra a mesma torcida que até hoje o endeusa, quando a mesma vaiou o hino argentino. Com a bola rolando, Itália e Argentina ficaram no 1x1. Nos pênaltis, após defender duas cobranças italianas, o goleiro Goycochea garantiu a Argentina na final pela 4ª vez na história, a terceira em quatro edições.

Pela primeira- e até hoje única vez na história, a mesma final se repetiu por duas edições seguidas: Alemanha Ocidental x Argentina. O jogo, disputado no estádio Olímpico de Roma, ia se arrastando para o primeiro 0x0 em final de Copa do Mundo quando, aos 40 minutos do segundo tempo, o árbitro marcou pênalti para os alemães. Andreas Brehme foi para a cobrança e não titubeou: 1x0. A Alemanha Ocidental se vingava de quatro anos antes, conquistava a Copa do Mundo pela 3ª vez e se igualava a Brasil e Itália como a maior campeã da história.

1994 - Estados Unidos

Os Estados Unidos nunca foram muito fãs do futebol. Mas são o maior mercado consumidor do mundo. Por isso, a FIFA resolveu "investir" no país e levou a Copa do Mundo de 1994 para lá. E os americanos não decepcionaram, batendo recordes de público que perduram até hoje. O único problema foram os horários, com alguns jogos sendo disputados ao meio-dia, em pleno calor do Texas, por exemplo.

O regulamento das edições anteriores foi mantido, e dois ex-campeões não foram à América do Norte: Uruguai e Inglaterra.

A 1ª fase não teve surpresas, apenas um destaque negativo: o craque Diego Maradona foi suspenso do Mundial, após ser pego no exame anti-doping. Terminava, de forma melancólica, a participação de "El Pibe" em Copas do Mundo.

Nas oitavas-de-final, destaque para o jogo entre o Brasil e os anfitriões americanos. O Brasil suou, mas venceu por 1x0 e avançou às quartas. A Argentina, abalada pela perda de Maradona, acabou caindo diante da Romênia.

Nas quartas-de-final, em um jogo quente, a Itália, que havia feito péssima 1ª fase e quase foi eliminada, venceu a Espanha por 2x1. Nos pênaltis, a Suécia eliminou a Romênia, enquanto, numa zebra histórica, a Alemanha (agora reunificada) perdeu para a Bulgária por 2x1, de virada, e foi eliminada. O grande jogo dessa fase foi Brasil x Holanda, com gols só no 2º tempo. Aos oito minutos, Romário abriu o placar para o Brasil. Aos 18, Bebeto fez 2x0. Um minuto depois, Dennis Berkamp diminuiu para os holandeses, e Aron Winter empatou aos 31. Mas, cinco minutos mais tarde, Branco acertou uma bela cobrança de falta, fez 3x2 e colocou o Brasil nas semifinais.

Nas semi, o Brasil, com sufoco, venceu a Suécia por 1x0 e garantiu sua volta à final após 24 anos. Do outro lado, a Itália, com dois gols de Roberto Baggio, venceu a Bulgária por 2x1 e também se garantiu na decisão.

Após 24 anos, Brasil e Itália voltavam a decidir uma Copa do Mundo. E, assim como em 1970, quem vencesse se isolaria como o maior campeão da história das Copas. Não faltaram oportunidades de gol na partida disputada no estádio Rose Bowl, em Pasadena, nas cercanias de Los Angeles. Até mesmo o sempre oportunista Romário perdeu gols incríveis. E, pela primeira vez na história, uma final de Copa do Mundo termina em 0x0 e o título mundial seria definido nos pênaltis.

Na 1ª série, os zagueiros Franco Baresi, da Itália, e Márcio Santos, do Brasil, erraram suas cobranças. Na sequência, o italiano Albertini e o brasileiro Romário tiraram o zero do placar. Evani, para a Itália, e Branco, para o Brasil, também converteram suas cobranças. Na 4ª série, Taffarel defendeu a cobrança do italiano Massaro, e Dunga colocou o Brasil em vantagem. A quinta cobrança italiana coube a Roberto Baggio, melhor jogador do mundo na época. O craque da Juventus jogou a bola por cima do gol. Após longos 24 anos de espera, o Brasil pôde, enfim, comemorar seu 4º título mundial. A hegemonia era, de novo, verde e amarela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário