segunda-feira, 31 de maio de 2010

Saem as armas; surge o gigante!

Após três edições, a Copa do Mundo viu sua trajetória interrompida pela 2ª Guerra Mundial. Mas, na década de 1950, a bola voltou a ser protagonista. E foi exatamente aí que começou a despontar de vez o Brasil, aquele se tornaria o maior especialista em Copas do Mundo.

1950 - Brasil

Após a 2ª Guerra Mundial, a Copa do Mundo retornou em 1950,tendo como sede o Brasil.
Esse Mundial foi envolvido por questões políticas. Devido à Grande Guerra, Alemanha e Japão foram proibidos de participar. A bicampeã Itália, porém, não foi punida, por possuir um interesse particular por parte da FIFA.

O regulamento era um caso a parte: aconselhado pelo Brasil, que ainda lembrava 1934, quando atravessou o Atlântico para jogar uma única partida, a 1ª fase foi composta por quatro grupos, sendo dois com 4 países, um com 3 e outro com apenas dois. E o mais importante: pela 1ª e até hoje única vez na história, a Copa do Mundo não teria final. Os campeões de cada grupo se enfrentavam num quadrangular final, no sistema de pontos corridos, para definir o campeão.
E os quatro classificados foram: Brasil, Espanha, Suécia e Uruguai.

Nas duas primeiras rodadas, os anfitriões brasileiros aplicaram dois massacres: 7x1 na Suécia e 6x1 na Espanha, enquanto o Uruguai empatou com a Fúria em 2x2 e venceu os suecos por 3x2.

Com isso, Brasil e Uruguai se enfrentariam na última rodada, no estádio do Maracanã, como os únicos países que ainda tinham chances de título. Por isso que, erroneamente, até hoje dizem que aquela foi a final da Copa, embora o Mundial de 1950 não tenha tido uma final, na verdade. Por ter um ponto a mais, o Brasil jogava pelo empate. E saiu na frente, com um gol de Friaça, no começo do 2º tempo. Porém, 20 minutos depois, Schiaffino empatou para os uruguaios. E, aos 34 minutos, Ghiggia virou para a Celeste. E o jogo fiou nisso: 2x1 para o Uruguai, que, pela 2ª vez na história, conquistava a Copa do Mundo, numa partida que ficou conhecida como "Maracanazzo". Enquanto isso, os jogadores brasileiros iniciavam um martírio que levariam para o resto de suas vidas: o de perder uma Copa do Mundo em casa, e logo um título que estava nas mãos. Como bem disse, meio século mais tarde, em 2000, o goleiro Barbosa, um dos maiores crucificados por aquela derrota, "a pena máxima no Brasil é de 30 anos; mas a dos jogadores daquela Copa já chegou aos 50 sem dó".

1954 - Suíça

A Copa do Mundo realizada no Brasil foi um sucesso tão grande, que a FIFA conseguiu dinheiro suficiente para comprar uma nova sede, na cidade de Zurique, na Suíça, onde permanece até hoje. E a nova "casa" da FIFA foi também o local escolhido para a disputa da 5ª Copa do Mundo. A famosa neutralidade suíça foi argumento utilizado para ambas as escolhas.

O regulamento, em relação ao Mundial anterior, manteve os quatro grupos, mas dessa vez todos com os mesmos quatro países cada. E cada grupo possuía dois cabeças-de-chave, porém, estes não se enfrentavam. Ou seja: cada equipe jogava apenas duas vezes na fase inicial. Mas a maior alteração foi a volta dos mata-matas, pois muitos consideravam inconcebível a possibilidade de o último jogo da Copa não ter o campeão em campo.

O Brasil apresentou como sua maior novidade a estreia em Mundiais da hoje tradicional camisa amarela. A camisa branca, usada até então, havia sido abandonada após a derrota em 1950. Mas o novo uniforme não deu sorte: após se classificar em 1º em seu grupo, o Brasil foi eliminado nas quartas-de-final, ao levar de 4x2 contra a Hungria de Puskas. Nas semifinais, pelo mesmo placar, os húngaros eliminaram o atual campeão Uruguai.

A final, disputada na capital Berna, colocou frente-a-frente Hungria e Alemanha Ocidental. Estava, então, decidido que a Copa do Mundo teria um campeão inédito. As duas equipes já haviam se enfrentado na 1ª fase, e a Hungria aplicou uma sonora goleada por 8x3. E parecia que teria vida fácil novamente na decisão. Logo aos 6 minutos, Puskas fez 1x0. E, dois minutos depois, Czibor ampliou. Porém, aos 10, a Alemanha Ocidental começou a dar sinais de que esse jogo seria diferente, com Morlock diminuindo o placar. E, aos 18, Rahn empatou. A forte chuva anulou a superioridade técnica húngara, deixando ambas as equipes em condições de igualdade. Veio o intervalo e passou-se quase todo o 2º tempo e o 2x2 persistia no placar. Até que, aos 39, Rahn apareceu novamente, fez o seu segundo gol no jogo e virou para os alemães: 3x2. De forma inacreditável, a Alemanha Ocidental era campeã do mundo pela primeira vez na história. Um título tão inacreditável que até virou tema de filme, décadas mais tarde, com um nome que traduz bem o que aconteceu naquele dia: "O milagre de Berna".

Hungria de 1954

1958
- Suécia


A Copa do Mundo de 1958 veio sem dois dos três países com título mundial na bagagem. Uruguai e Itália não conseguiram passar das Eliminatórias, sendo desclassificados por Paraguai e País de Gales, respectivamente. Mas tudo isso passou despercebido, pelo fato de que essa Copa marcou a estreia daquele que é considerado o maior atleta de todos os tempos: Pelé.

Para esse Mundial, foi mantido o regulamento da edição anterior, com a excessão de que agora todos jogavam três vezes na 1ª fase, tornando o regulamento muito parecido com o atual, exceto pelo número de participantes (16 na época contra 32 hoje).

Na 1ª fase, as surpresas foram as eliminações de vice-camepeãs de edições anteriores: Argentina, Tchecoslováquia e Hungria, que não contou com a base de 1954. Além desses, a Inglaterra também não passou da fase inicial.

Após os favoritos vencerem nas quartas-de-final, as semifinais reuniram dois grandes confrontos: de um lado, a França, com Just Fontaine, autor de 13 gols e até hoje o jogador que mais marcou num mesmo Mundial, foi humilhada pelo Brasil, por 5x2; do outro lado, o confronto entre os anfitriões da Suécia e a atual campeã Alemanha Ocidental. E o fator campo prevaleceu: 3x1 para os suecos.

Porém, na final, jogada em Estocolmo, os donos da casa não tiveram chances e sofreram a maior goleada das finais de Copa do Mundo: 5x2 para o Brasil, com shows de Pelé, Garrincha e
Vavá. Essa foi a primeira vez que um país ganhou uma Copa fora de seu continente. E a primeira vez que a bandeira brasileira tremulou no topo do mundo da bola. E não seria a última...

domingo, 30 de maio de 2010

O período pré-guerra

A Copa do Mundo 2010 está chegando. E, para já ir entrando no clima, vou começar hoje uma série de posts contando um pouco dos 18 mundiais já disputados até o momento. Começarei pelos três primeiros, disputados ainda antes da 2ª Guerra Mundial.

1930 - Uruguai

No final da década de 1920, a FIFA decidiu criar um campeonato mundial de seleções. Numa conferência realizada em Barcelona, em 1929, ficou decidido que o torneio seria realizado no Uruguai, maior potência futebolística do mundo na época, atual bicampeão olímpico e que ainda comemorava o centenário de sua independência, completado em 1928.

Aquele Mundial contou com 13 participantes: Uruguai, Brasil, Argentina, Peru, Chile, México, EUA, Bolívia, Paraguai e apenas 4 europeus, que foram Bélgica, França, Iugoslávia e Romênia.

Essa foi a única Copa do Mundo com apenas uma cidade-sede, que foi a capital Montevidéu.

O Brasil não passou da 1ª fase, e a final colocou frente-a-frente uma das maiores rivalidades do mundo: Uruguai x Argentina.

Disputada no estádio Centenário, inaugurado naquele ano, contou com um episódio curioso: como as duas equipes não concordaram com a bola a ser utilizada, jogariam cada tempo com uma bola. O 1º tempo, jogado com a bola argentina, terminou 2x1 para os donos "de la pelota". No 2º tempo, passou a ser usada a bola uruguaia. E o que aconteceu? Os anfitriões viraram para 4x2 e se tornaram os primeiros campeões mundiais da história.
Taça Jules Rimet: o objeto de desejo da época.

1934
- Itália


Quatro anos depois da sua 1ª edição, a Copa do Mundo estreiou em gramados europeus. E o país escolhido foi a Itália, na época, dominada pelo regime fascista. Foi também a 1ª vez que houve disputa das eliminatórias, que envolveram inclusive a squadra azzurra.

A fase final contou com 16 países jogando mata-matas. E o Brasil foi muito prejudicado por isso, pois atravessou o oceano para jogar uma única partida: perdeu para a Espanha por 3x1 e foi eliminado. O Uruguai não disputou essa Copa, sendo a única vez em que o atual campeão ficou de fora. Os uruguaios reclamavam de um boicote dos europeus em 1930 e, por isso, resolveram também boicotar a Copa na Europa.

A final foi entre Itália x Tchecoslováquia, com os anfitriões vencendo por 2x1, com um gol na prorrogação, e conquistando o primeiro de seus muitos títulos mundiais.

1938 - França

A 2ª Guerra Mundial começou em 1939. E a Copa de 1938, realizada na França, na época, sede da FIFA, já sentiu alguns respingos do que estava por vir. A Áustria, por exemplo, foi impedida de jogar o Mundial, pois fôra anexada pelos nazistas e teve de ceder seus jogadores à Alemanha.

Foi a 1ª vez que o país sede não foi campeão, com a França caindo já nas quartas-de-final, ao perder para a atual campeã Itália por 3x1. O Brasil foi o único representante sul-americano e, ao lado de Cuba, o único país de toda a América na Copa. Foi o primeiro grande mundial da Seleção Brasileira que, após vencer Polônia e Tchecoslováquia, caiu nas semifinais, diante da Azzurra, mas venceu a decisão do 3º lugar, contra a Suécia, por 4x2. E o Diamante Negro Leônidas da Silva foi o artilheiro, com 7 gols - embora há quem diga que marcou 8; mas ele próprio dizia ter feito sete.

Na final, a Itália enfrentou a Hungria, no estádio Olímpico de Colombes, nas cercanias de Paris. Com uma vitória por 4x2, a Azzurra se tornou o primeiro bicampeão mundial da história. Além da Itália, só o Brasil, em 1958 e 1962, ganhou duas Copas seguidas.

domingo, 23 de maio de 2010

Il Campione


Neste sábado, a Internazionale venceu o Bayern de Munique por 2x0, no estádio Santiago Bernabéu, em Madri, e sagrou-se campeã europeia após 45 anos de espera. Desde o bicampeonato de 1964 e 1965 que a squadra nero-azurra não chegava ao topo da Europa. E o pior: nesse meio tempo, teve de ver o rival Milan levantar nada menos que 6 troféus continentais. Mas, agora, isso tudo é passado.

Na fase de grupos, a Inter enfrentou Barcelona, Dinamo de Kiev e Rubin Kasan, da Rússia. Não brilhou. Venceu apenas duas partidas e ficou em 2º lugar, com 9 pontos.

Nas oitavas, veio o grande desafio: iria enfrentar um dos maiores favoritos ao título, o Chelsea. Na partida de ida, no San Siro, vitória por 2x1. O gol sofrido em casa era preocupante, mas a Inter foi a Londres e venceu de novo: 1x0. Nasceu ali a virada que culminaria no final do jejum.

Nas quartas de final, um adversário mais fraco, o CSKA Moscou. E a Inter fez sua obrigação e conseguiu a vaga para as semifinais, mas sem brilho: vitória por 1x0 nas duas partidas.

Na semifinal, outro favorito apareceu no caminho do pentacampeão italiano: o atual campeão de tudo, Barcelona. No jogo de ida, no San Siro, grande vitória por 3x1. Na volta, no Camp Nou, a retranca italiana funcionou e o Barça só conseguiu abrir o placar aos 39 do 2º tempo. E não havia mais tempo: a vitória de 1x0 não era o suficiente para os catalães. E, depois de 38 anos, a Internazionale voltava a uma final de Liga dos Campeões.

A final contra o Bayern já prometia muito, afinal, ambas as equipes vinham animadas por acabarem de vencer tanto suas respectivas ligas quanto as copas nacionais. O Bayern até começou melhor, levando sustos ao goleiro Júlio César, principalmente em chutes de fora da área. Mas, aos poucos, a Inter foi achando espaços para encaixar seu jogo, focado nos contra-ataques. Foi aí que o argentino Diego Milito abriu o placar. No 2º tempo, o Bayern se esforçava para furar a defesa nero-azurra, mas não conseguia. Sentia muito a ausência de Frank Ribery. Assim, tudo caia nos pés de Arjen Robben que, sobre carregado, não conseguia muita coisa. E Milito apareceu mais uma vez para definir o título a favor dos italianos: 2x0. Depois disso, pouca coisa aconteceu. A Inter tinha grande vantagem e o Bayern já não tinha forças para reagir. Já era fato consumado: Internazionale, campeã da UEFA Champions League 2009/2010. Um prêmio para uma equipe que já dominava a Itália e queria estender seus domínios por toda a Europa.

sábado, 22 de maio de 2010

Pela glória máxima




Neste sábado, Bayern de Munique e Internazionale de Milão entram em campo no estádio Santiago Bernabéu, em Madri, em busca da taça da UEFA Champions League, a maior competição interclubes do mundo. O Bayern acaba de conquistar tanto o Campeonato Alemão quanto a Copa da Alemanha. E a Inter fez igual: venceu a Copa da Itália e abocanhou o inédito pentacampeonato italiano. Agora, alemães e italianos querem coroar a temporada com o troféu mais importante de todos.

Ambas as equipes começaram a atual temporada desacreditadas. Se, em setembro de 2009, quando o torneio teve o seu pontapé inicial, alguém dissesse que essa seria a final, pouca gente acreditaria.

O Bayern ficou no mesmo grupo de Juventus, Bordeaux e Maccabi Haifa. Viu a morte de perto, após derrota em casa para os franceses. Porém, uma histórica goleada por 4x1 sobre a Juve, em Turim, marcou a virada dos bávaros na temporada, que, depois disso, eliminaram os "azarões" de Fiorentina e Lyon, além dos favoritos do Manchester United.

A Inter também deu uma má impressão inicial, no empate em casa em 0x0 contra o Barcelona, quando foi taxada como um time covarde, que não teria coragem para enfrentar os grandes de igual para igual. Após ficar em segundo em seu grupo, deu o primeiro cala-boca nos críticos, ao eliminar o favorito Chelsea, nas oitavas de final. Depois, passou por CSKA e voltou a enfrentar o Barça, quando acabou com o sonho dos atuais campeões.

Na partida em Madri, a Inter busca seu 3º título europeu e sair de uma fila de 45 anos, enquanto o Bayern quer seu 5º título, para se igualar ao Liverpool como o terceiro maior vencedor da Champions League (Real Madrid com 9 títulos e Milan, com 7, são os "soberanos").

Bicampeão nas temporadas 1963/1964 e 1964/1965, a Inter voltou às decisões outras duas vezes antes de 2010. Na temporada 1966/1967, enfrentou os escoceses do Celtic, em Lisboa, e perdeu por 2x1. Em 1971/1972, foi derrotada pelo Ajax, em Roterdã, por 2x0. Ou seja, na atual temporada, saiu de um jeum de 38 anos sem chegar à final.

Em contrapartida, o Bayern vendo sendo mais presente. Tricampeão nos anos de 1974, 1975, 1976 (foi a última vez que alguém ganhou três taças seguidas), com uma equipe comandada por Franz Beckembauer e Gerd Müller, o Gigante da Baviera jogou outras quatro finais, antes de 2010. Em 1982, perdeu para o Aston Villa, em Roterdã, por 1x0. Em 1987, foi derrotado pelo Porto, em Viena, por 2x1. Em 1999, nova derrota, dessa vez para o Manchester United, em Barcelona, por 2x1, num jogo que vencia até os 43 minutos do segundo tempo, mas tomou o empate aos 44 e a virada aos 47. Dois anos depois, em 2001, jogou a decisão na casa do seu adversário deste sábado, no San Siro, em Milão. Empate em 1x1 contra o Valencia, com Oliver Kahn garantindo, nos pênaltis, o quarto título do clube alemão.

Agora, mais um novo capítulo se escreve. De um lado, Arjen Robben, Van Bommel, Mario Gomez e Tommas Müller. Do outro, Júlio César, Sneijder, Eto'o e Diego Milito. Bayern de Munique ou Internazionale, quem será o dono da Europa na temporada 2009/2010? Façam suas apostas!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Campeões no Velho Continente II

Dando sequência aos campeões dos principais campeonatos nacionais do Velho Mundo, falarei sobre as ligas holandesa, inglesa, italiana e portuguesa.

Holanda: Nem Ajax, nem PSV, muito menos o Feyenoord. Pelo segundo ano seguido, o título holandês não ficou com nenhum dos três maiores clubes do país. Após o AZ Alkmaar em 2009, foi a vez do Twente surpreender e sagrar-se campeão pela 1ª vez na história. A equipe sempre esteve entre os primeiros colocados. No início, a disputa era com o PSV, mas, a partir da metade do campeonato, a equipe de Eindhoven caiu de produção, à medida que o Ajax, comandado pelo uruguaio Luís Suarez, artilheiro do campeonato com 35 gols, entrava na briga pelo título, que não conquista desde 2004. Em uma disputa decidida na última rodada, o Twente fez valer a "gordurinha" acumulada no início da temporada para ficar com a taça.

Inglaterra: Em um ano atípico para os ingleses a nível internacional (depois de três anos seguidos colocando 3 clubes entre os quatro melhores da Europa, não teve nenhum representante nas semifinais da UCL), Chelsea e Manchester United protagonizaram uma grande disputa até a última rodada. Ambos buscavam um tetra: os Blues tentavam seu quarto título na história e os Red Devils queriam se tornar os primeiros a conquistar quatro títulos seguidos na Terra da Rainha, além de se isolarem como os maiores campeões, com 19 taças. Quem tentou entrar também nessa briga foi o Arsenal, mas a equipe londrina mais uma vez foi vítima da já conhecida falta de experiência de seu elenco e não teve forças para brigar até o final. O Manchester City decepcionou e só ficou com uma vaga na Europa League. Mas, decepção mesmo foi o Liverpool. Além do vexame de não passar da fase de grupos na Liga dos Campeões, os Reds terminaram a Premier League apenas em 7º lugar e, se não fosse uma punição ao Portsmouth, por ordem administrativa, nem a Liga Europa jogaria na próxima temporada. Sorte do Tottenham, que volta à Champions League após 48 anos. E o título? Assim como na Espanha, os confrontos diretos foram decisivos. Graças as vitórias por 1x0 no Stamford Brigde e 2x1 em Old Trafford, o Chelsea acabou com a hegemonia do United e levou a taça de volta para Londres.

Itália: O futebol é mesmo curioso. A Itália é a atual campeã do mundo, mas o time que há tempos dá as cartas por lá não possui nenhum italiano dentre os titulares. Aliás, faz jus ao seu nome: Internazionale. Pelo quinto ano consecutivo, a equipe de Milão
conquistou o scudetto. É bem verdade que o primeiro título dessa série, o da temporada 2005/2006, foi conquistado no "tapetão", após punição à Juventus por manipulação de resultados. Mas isso não diminui a soberania interista dentro da Velha Bota. Na atual temporada, o pentacampeão liderava de braçadas até a metade do returno, quando caiu de produção e chegou a ser ultrapassado pela Roma. Porém, na hora do "vamos ver", mostrou mais poder de fogo e garantiu a manutenção da hegemonia. E houve também um sabor especial: este foi o 18º scudetto conquistado pela Inter que, assim, ultrapassa o rival Milan, dono de 17 títulos nacionais. Vale ainda uma menção "nada honrosa" à Juventus, recordista disparada de scudettos (27 no total), mas que fez uma temporada ridícula e não passou de um medíocre 7º lugar.

Portugal: Tradicionalmente, quem dá as cartas em Portugal é o Benfica. Porém, desde a década de 1990, quem manda e desmanda por lá é o Porto. Da temporada 1994/1995 até 2008/2009, foram disputados 15 Campeonatos Portugueses, sendo que os Dragões venceram simplesmente onze. Mas em 2009/2010, o Porto sentiu muito a saída dos seus dois principais jogadores, os argentinos Lucho Gonzalez e Lisandro Lopez, ambos para o futebol francês, e acompanhou à distância a briga particular entre Benfica e Braga pela taça. O Braga, considerado há tempos o clube mais forte depois do "trio de ferro", aguentou o quanto pôde. Mas, aos poucos, foi prevalecendo a força do elenco benfiquista, que conta com jogadores como Ramires, Aimar, Di Maria e Saviola. Não deu outra: Benfica campeão português pela 32ª vez na história. Ao Braga, coube um histórico vice-campeonato, que lhe garantiu pela 1ª vez na Liga dos Campeões.

Campeões no Velho Continente I

No próximo final de semana, conheceremos o campeão da UEFA Champions League 2009/2010. Internazionale e Bayern de Munique buscam a reconquista da Europa, mas isso é assunto para um próximo post.
Por ora, ficarei restrito a falar sobre o final das principais ligas nacionais europeias.
Para não ficar um texto longo e cansativo, dividirei em duas partes:


Alemanha: Bayer Leverkusen e Hamburgo começaram com tudo. Mas logo o encanto acabou. A equipe de Zé Roberto caiu logo, enquanto o Leverkusen aguentou bem mais tempo. Porém, por volta da metade do returno, o clube do famoso laboratório farmacêutico mostrou a mesma fraqueza característica de um clube que, embora tradicional, jamais foi campeão. E, no final das contas, sequer conquistou uma vaga na Liga dos Campeões. E o caminho ficou aberto para o Bayern, que após um péssimo início de temporada, recuperou-se e conquistou o título alemão pela 22ª vez na história. Aliás, foi a 21ª Bundesliga conquistada pelos Gigantes da Baviera nos últimos 42 anos. Ou seja, o Bayern nunca fica mais de dois anos sem levantar a Salva de Prata.

Espanha: Foi exatamente como se esperava: uma briga particular entre o incrível Barcelona, que ganhou tudo em 2009, contra a nova geração galática do Real Madrid. E, mesmo reforçado por Kaká, Cristiano Ronaldo e Benzema, os Merengues não foram páreo o Barça. Até chegaram à última rodada com chances de título, mas as duas vitórias catalãs nos confrontos diretos (1x0 no Camp Nou e 2x0 no Bernabéu) acabaram decidindo o título em favor do Barcelona. Prêmio para uma equipe que perdeu apenas uma vez ao longo de todo o campeonato (1x0 para o Atlético, em Madri). Em tempo: foi o 20º título espanhol do Barcelona, que ainda está bem longe do Real Madrid, dono de 31 troféus.

França: Finalmente acabou a espera da maior torcida do país. Após 18 anos, o Olympique voltou a conquistar um título francês que valeu. Em 1993, a equipe conquistou seu 5º título seguido. Porém, houve um caso comprovado de suborno e a equipe não só perdeu o título daquele ano como também deixou de jogar a Liga dos Campeões (que também venceu em 1993, mas de forma limpa) e o Mundial (enfrentaria o São Paulo, que acabou jogando contra o Milan), além de ter sido rebaixado. O clube de Marselha esteve perto de sair da fila na temporada passada, mas acabou perdendo a disputa com o Bordeaux. Porém, nesta temporada, soube se aproveitar do grande equilíbrio que tomou conta da liga francesa e foi com tudo no momento certo, na reta final, aproveitando-se também do fato de os principais adversários, Lyon e Bordeaux, estarem focados também na Liga dos Campeões. Este foi o 9º título francês do Olympique, que se isola como o 2º maior campeão da França, agora com apenas um título a menos que o recordista Saint-Étienne, que não é campeão desde a temporada 1980/1981.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Palpites pré-campeonato

Ok, já se passaram duas das 38 rodadas do Campeoanto Brasileiro 2010. Mas, como todo mundo concorda que o que foi visto até o momento não serve de parâmetro para nada, ainda é tempo para fazer apostas sobre o destino de cada um dos 20 participantes. Serei sucinto e citarei apenas qual penso ser a preocupação de cada um:

Atlético-GO: Candidato a repetir o Avaí de 2009.
Atlético-MG: Briga pela Libertadores.
Atlético-PR: Briga contra o rebaixamento.
Avaí: Sul-Americana.
Botafogo: Repete 2009.
Ceará: Briga contra o rebaixamento.
Corinthians: Briga pelo título.
Cruzeiro: Briga pelo título.
Flamengo: Elenco para brigar por título. Mas o extra-campo complica tudo. Libertadores.
Fluminense: Briga contra o rebaixamento.
Goiás: Briga contra o rebaixamento.
Grêmio: Briga pelo título.
Grêmio Prudente: Briga contra o rebaixamento.
Guarani: Briga contra o rebaixamento.
Internacional: Briga pelo título.
Palmeiras: Elenco para Libertadores, bastidores para rebaixa
mento. Fica na Sul-Americana.
Santos: Vai depender muito da janela. Pelo que tem hoje, briga pelo título.
São Paulo: Briga pelo título.
Vasco: Briga contra o rebaixamento.
Vitória: Repete 2009.

Em resumo:
Brigam pelo título e Libertadores: Corinthians, Cruzeiro, Grêmio, Internacional, Santos e São Paulo.
Sonham com Libertadores: Flamengo e Atlético-MG.
Figurantes: Atlético-GO, Avaí, Palmeiras e Vitória.
Brigam contra o rebaixamento: Atlético-PR, Botafogo, Ceará, Fluminense, Goiás, Prudente, Guarani e Vasco.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Rápida análise do meio de semana

Após um intervalo, este blog está de volta, analisando os resultados e perspectivas futuras dos seis confrontos que se iniciaram neste meio de semana, sendo quatro pelas quartas de final da Libertadores e dois pelas semifinais da Copa do Brasil.

Copa Libertadores:
Chivas Guadalajara 3x0 Libertad: Assim como já havia feito na fase anterior, contra os argentinos do Velez Sarsfield, o Chivas fez valer o mando de campo e abriu enorme vantagem. Coisas assim fazem pensar se realmente é alguma vantagem decidir a vaga em casa, pois tanto Velez quanto Libertad tiveram esse "direito", mas já foram para os jogos de volta praticamente eliminados. Mas o fato é que os mexicanos, que entraram meio que "pela porta dos fundos", já dão clara demonstração de que podem surpreender. Quanto aos paraguaios, resta apenas uma despedida honrosa na próxima semana.

Flamengo 2x3 Universidad de Chile: Após demonstrar força, eliminando o Corinthians, muito se esperava do Flamengo diante da Universidad de Chile, que já havia sido uma pedra no sapato rubro-negro durante a fase de grupos. Porém, mais uma vez, os chilenos superaram o atual campeão brasileiro. Em um jogo marcado por falhas grotescas dos goleiros no 2º gol de ambas as equipes, o time carioca não conseguiu derrubar um adversário que jogou todo o segundo tempo com um a menos. Ainda há esperanças, pois falamos do campeão brasileiro, mas uma reviravolta neste momento seria um capítulo épico na história do Flamengo.

Cruzeiro 0x2 São Paulo: Surpreendente é a palavra chave para a partida disputada no Mineirão. Em todos os aspectos. A começar pelo próprio placar em si, que até o técnico Ricardo Gomes confessou-se surpreendido. Mas também pela atuação são-paulina. Talvez pela primeira vez no ano, o São Paulo jogou à altura de suas tradições. Teve pela frente sua partida mais importante em 2010, contra aquele que talvez fosse o adversário mais forte até o momento. E há de se destacar a entrada de Fernandão, que fez lembrar Amoroso em 2005, que mal havia chegado e já se encaixava como uma luva na equipe tricolor. O ex-jogador do Goiás teve participação fundamental nos dois gols e, o toque para o segundo tento foi espetacular. Mas outra surpresa foi a atuação do Cruzeiro. A equipe mineira esteve bem abaixo do que vinha demonstrando. Foi totalmente anulada pelo forte bloqueio tricolor e pode ter pago um preço alto demais por isso. Ainda não acabou, até porque o Cruzeiro chegou a esta fase após golear o Nacional em Montevidéu, algo que poucos conseguem. Mas o fato é que tornou-se uma missão quase impossível, digna de quem tem páginas heróicas e imortais.

Internacional 1x0 Estudiantes: Jogando em casa, o que o Inter precisava contra o atuais campeões era vencer. E o fez. Muito se pergunta se a vantagem foi pequena, mas o fato de vencer sem tomar gol em casa já é um grande trunfo colorado. O que não pode é simplesmente abdicar-se de jogar na partida de volta, na Argentina. O Inter tem é que demonstrar o mesmo futebol ofensivo que tanto o caracterizou em 2009 para fazer frente aos argentinos. Ficar na retranca pode se tornar uma tática suicida.

Copa do Brasil:
Grêmio 4x3 Santos:
Grande jogo no Olímpico, para derrubar qualquer comentarista. O Santos veio com tudo, e logo abriu 2x0, com dois gols de André. No segundo tempo, o Grêmio mostrou sua já característica imortalidade e, com dois gols de Borges, empatou a partida. E um velho conhecido dos santistas, Jonas, marcou um belo gol, virando a partida para os gaúchos. Mas o dia era mesmo de Borges, que marcou o quarto gol gremista, seu terceiro no jogo. Peixe morto? Que nada! Após boa jogada de Ganso, Robinho recebeu, matou no peito e marcou um lindo gol. A derrota de 4x3 não foi um mal resultado para o Santos, principalmente pelo número elevado de gols na casa do adversário. Agora, basta uma vitória por um gol de difrença (desde que seja 1x0, 2x1 ou 3x2), para a equipe da Baixada chegar à final da Copa do Brasil pela 1ª vez na história. Mas o Grêmio está muito acostumado a lidar com vantagens pequenas como essa. E já demonstrou estar preparado para se tornar o "penta único" na Copa do Brasil.

Atlético-GO 1x0 Vitória: Confesso que desse jogo só vi o gol chorado de Rodrigo Tiu
í, que colocou os goianos em vantagem na segunda semifinal. É um duelo de difícil prognóstico, pois são duas equipes pouco faladas. Nem mesmo quando eliminou o Palmeiras, na semana passada, o Atlético foi muito noticiado. Mas esse pode ser um trunfo para a equipe que vencer esse confronto e chegar à final contra os favoritos de Santos ou Grêmio. A Copa do Brasil é repleta de casos de clubes que chegam às decisões sem "ninguém" perceber e acabam abocanhando a taça. Seja lá quem passar, é bom gremistas e santistas terem muita atenção a Atlético e Vitória, pois, antes de tudo, também são equipes da elite nacional em 2010.