quarta-feira, 2 de junho de 2010

Que vença o melhor?

O futebol é um esporte caracterizado pelo fato de que nem sempre vence o melhor. Nas década de 1970 e 1980, duas seleções encantaram o mundo em seus respectivos Mundiais, mas não foram campeãs: a Holanda de 1974 e o Brasil de 1982. Além disso, nesse mesmo período, a Argentina ganhou a Copa do Mundo de 1978 após uma partida suspeita contra o Peru, que teria envolvido até mesmo os líderes ditatoriais de ambos os países. Por outro lado, nesse período, a Copa do Mundo ganhou um novo troféu, para substituir a Taça Jules Rimet, de posse definitiva do Brasil: a Taça FIFA. E, curiosamente, a nova taça era verde e amarela.
Taça FIFA: o troféu do campeão do mundo a partir de 1974

1974 - Alemanha Ocidental

Em 1974, a Copa do Mundo chegou a sua 10ª edição. E o país escolhido para ser a sede foi a Alemanha Ocidental.

O regulamento daquele ano sofreu alterações: os oito classificados da 1ª fase não mais iriam para um mata-mata. Eram novamente divididos em grupos de 4 equipes cada, sendo que o 1º de cada um iria para a final. Havia apenas uma ausência sentida: a Inglaterra.

A 1ª fase não sofreu alterações em relação aos anos anteriores. E colocou frente-a-frente Alemanha Ocidental contra Alemanha Oriental. O jogo foi realizado na última rodada, com os ocidentais já classificados. "Correndo para não chegar", os ocidentais perderam por 1x0, supostamente para passar em 2º e ficar num grupo mais fácil na 2ª fase, enquanto os orientais, em sua única participação em Munidais, enfrentariam o campeão Brasil, a Argentina e a sensação Holanda. Mais uma vez, Itália e Uruguai deram vexame e foram eliminados logo de cara.

A 2ª fase teve em um grupo Brasil, Holanda, Argentina e Alemanha Oriental, e no outro, Alemanha Ocidental, Polônia, Suécia e Iugoslávia. Em um grupo fraco, os anfitriões passaram fácil, com 100% de aproveitamento, e chegam à sua 3ª final de Copa do Mundo. No outro grupo, Brasil e Holanda chegaram à última rodada para decidir a vaga. Ambos haviam vencido seus dois primeiros jogos (a Holanda, inclusive, fez 4x0 na Argentina). Usando a tática do "Carrossel Holandês", focada na alta rotatividade de posições dos jogadores, a Laranja Mecânica, como ficou conhecido aquele time, venceu por 2x0 e se classificou para a sua 1ª final de Copa do Mundo.
A final, disputada no estádio Olímpico de Munique, foi decidia toda no 1º tempo. Logo aos dois minutos, Neeskens, de pênalti, abriu o placar para a Holanda. Aos 25, também de pênalti, Breitner empatou para os alemães. E aos 43, Gerd Müller virou para 2x1. Todo o 2º tempo não foi o suficiente para os holandeses evitarem a glória alemã. Pela 2ª vez na história, a Alemanha Ocidental era campeã do mundo. E, dessa vez, não mais como zebra, mas sim confirmando que está no seleto grupo dos gigantes.

1978 - Argentina

No final da década de 1970, a Copa do Mundo desembarcou na Argentina, em plena ditadura militar (que dominava não só esse país como também grande parte da América Latina). Por isso, o craque holandês Johan Cruijff se recusou a disputar esse Mundial.

Assim como em 1974, as seleções eram divididas em grupos com quatro equipes cada, tanto na 1ª quanto na 2ª fase. Dentre as ausências, dois ex-campeões: Uruguai e Inglaterra.

Após uma 1ª fase sem surpresas, os países foram divididos da seguinte forma na 2ª: o grupo 1 contou com Itália, Áustria e os finalistas de 1974, Alemanha Ocidental e Holanda. A Laranja Mecânica venceu italianos e austríacos e empatou com os alemães, somando 5 pontos e garantindo o 1º lugar e a vaga para a final. Já no grupo 2, ficaram Brasil, Argentina, Peru e Polônia. Brasileiros e argentinos chegaram empatados à última rodada. O Brasil venceu a Polônia por 3x1, resultado que obrigava a Argentina a vencer o Peru por, no mínimo, 4 gols de diferença. Venceu por 6x0 e garantiu o retorno a uma final de Copa do Mundo após 48 anos. Porém muitas polêmicas surgiram à cerca desse jogo. Há quem diga até que houve envolvimento dos ditadores de ambos os países. Houve muita disconfiança também em cima do goleiro do Peru, Quiroga, que era argentino de nascimento e falhou em vários gols. Mas o fato é que, passados mais de 30 anos, nada foi provado até hoje.

A final foi disputada no estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires. Argentina e Holanda tinham um histórico em comum, pois ambas haviam jogado uma final e perdido. Os argentinos perderam a final da 1ª Copa, em 1930, enquanto os holandeses eram os atuais vice-campeões. Dessa vez, um deles daria um passo além.

Quando a bola rolou, demorou para o jogo sair do 0x0. O 1º gol só saiu aos 37 minutos, marcado pelo argentino Mario Kempes. E o segundo tempo também foi na mesma toada, até que a Holanda chegou ao empate também aos 37, com Nanninga. O empate em 1x1 levou a decisão para a prorrogação. Aos 9 minutos da 1ª parte, Mario Kempes marcou seu segundo gol no jogo, o sexto na Copa, isolando-se na artilharia. E, aos 15, Bertoni fez o terceiro. A Holanda teve mais 15 minutos para correr atrás, mas de nada adiantou. A Argentina venceu por 3x1 e conquistou a Copa do Mundo pela 1ª vez na história, colocando seu nome de vez entre os gigantes do mundo da bola.

1982 - Espanha

A Copa do Mundo contou com uma grande mudança no regulamento em 1982. O número de participantes saltou de 16 para 24. Na 1ª fase, as seleções eram divididas em 6 grupos com quatro esquipes cada, classificando-se os dois primeiros para a 2ª fase, onde eram divididos em 4 grupos com três países. O bicampeão Uruguai mais uma vez ficou de fora.

A fase inicial não teve surpresas, mas registrou a maior goleada da história das Copas: Hungria 10x1 El Salvador, pela 1ª rodada. Mas essa acabou sendo a única vitória dos húngaros, que foram eliminados.

Na 2ª fase, como já dito, houveram 4 grupos. No Grupo 1, a Polônia superou a URSS no saldo de gols e garantiu o 1º lugar e a vaga nas semifinais (a Bélgica era o outro país do grupo). No grupo 2, a anfitriã Espanha, que já havia feito uma fraca 1ª fase, com direito a empate contra Honduras e derrota para Irlanda do Norte, decepcionou mais uma vez e terminou em último. A Alemanha Ocidental fez um ponto a mais que a Inglaterra e se garantiu nas semi. O grupo 3 era o mais forte. Na 1ª rodada, a desacreditada Itália, que havia empatado todos os jogos na fase anterior, venceu a atual campeã Argentina por 2x1. Na 2ª rodada, em um jogo obviamente quente, o Brasil venceu a Argentina por 3x1 e, não só eliminou a rival, como também garantiu a vantagem do empate na última rodada.

Na rodada final, Brasil e Itália se enfrentaram no estádio de Sarriá, em Barcelona. A Azzurra abriu o placar já aos 5 minutos, com Paolo Rossi. Aos 12, Sócrates empatou para o Brasil e, aos 25, Paolo Rossi colocou a Itália de novo na frente, 2x1. No 2º tempo, aos 23, Falcão deixou tudo igual novamente, 2x2, resultado que classificava o Brasil para as semifinais. Mas, seis minutos depois, Paolo Rossi, que antes dessa partida ainda não havia marcado nenhum gol na Copa, marcou o seu terceiro no jogo e fez 3x2 para a Itália. O Brasil presionou, chegou perto, mas não conseguiu o gol que precisava para se classificar. A Itália, após fraca 1ª fase, ganhou força e chegou às semifinais, eliminando uma das melhores seleções já montadas pelo Brasil em Mundiais.

No grupo 4, a França passou fácil por Áustria e Irlanda do Norte e se classificou para as semifinais após 24 anos sem chegar entre os quatro primeiros.

Nas semi, a Itália confirmou seu forte crescimento e venceu a Polônia por 2x0, com outra atuação decisiva de Rossi, autor dos dois gols, e se classificou para a final pela 4ª vez. Na outra semifinal, após empate em 3x3, Alemanha Ocidental e França fizeram a 1ª decisão por pênaltis da história das Copas. Os alemães venceram por 5x4 e também se garantiram em sua 4ª final de Copa do Mundo.

A decisão, disputada no estádio Santiago Bernabéu, em Madri, reuniu quatro títulos mundias em campo. Duas seleções acostumadas com finais e, mais do que isso, acostumadas a vencer. Os gols só saíram no 2º tempo. Aos 12, Paolo Rossi mostrou que, assim como sua equipe, cresceu na hora certa e abriu o placar para a Azzurra. Aos 24, Tardelli fez o segundo. Aos 36, Altobelli fez 3x0, deixando a Itália com as duas mãos na taça. Dois minutos depois, Breitner, remanescente do título de 1974, diminuiu para a Alemanha Ocidental, mas já era tarde.

Com a vitória por 3x1, a Itália saiu da fila, voltou a ganhar a Copa do Mundo após incríveis 44 anos de espera e se igualou ao Brasil como o recordistas de títulos mundias, com três taças cada.

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