sexta-feira, 30 de abril de 2010

900 vezes Rogério

Infelizmente, um fato muito importante foi praticamente ignorado nesta semana. No fraco empate em 0x0 entre Universitario e São Paulo, o goleiro Rogério Ceni alcançou a incrível marca de 900 jogos com a camisa tricolor.

Essa história começou no dia 07 de setembro de 1990, quando o goleiro veio do interior do Mato Grosso para fazer um teste. Segundo ele próprio, foi terrível. Porém, Telê Santana mostrou o porque de ser chamado de "Mestre". Com um olhar clínico, viu que ali havia um diamante a ser lapidado, e pediu para que Rogério permanecesse até o final daquele ano. E Rogério ficou. E, ao final de 1990, assinou o seu primeiro contrato profissional.

O goleiro, a princípio, foi enviado para a base e só começou a ir ao Morumbi com a equipe principal em 1992, sempre ficando no banco.

A estreia foi no dia 26 de junho de 1993, pela Taça Santiago de Compostela, com uma goleada de 4x1 para cima dos espanhois do Tenerife. Ninguém imaginava, mas aquela era a 1ª de uma série de partidas que certamente chegará a marca das 1000.

O tempo foi passando, e Rogério não saia da sombra de Zetti, titular absoluto. Tanto é que, em 1996, ele recebeu uma proposta para jogar pelo Goiás e esteve disposto a aceitar. Porém, ao conversar com os dirigentes tricolores, ficou sabendo que Zetti estava de saída e que ele seria o camisa 1 em 1997. Nem é preciso dizer que Ceni mudou de ideia na mesma hora.

Em 1996, o São Paulo chegou ao absurdo de passar o ano inteiro sem marcar um único gol de falta. Por isso, Rogério incentivava o então camisa 1 Zetti a atravessar o campo e executar as cobranças. Porém, com as recusas do colega, ele decidiu que, quando virasse titular, não temeria em combrar as faltas. E logo no começo de 1997, Rogério já resolveu ousar. Cobrou duas faltas no Torneio Rio-São Paulo, contra Fluminense e Flamengo, e ambas passaram perto. Mas, na segunda rodada do Paulistão, contra o União São João, em Araras, veio o primeiro tento. O primeiro de muitos, aliás. Ainda em 1997 viriam mais dois gols e a primeira convocação para a Seleção Brasileira, integrando assim o grupo que conquistou a Copa das Confederações, na Arábia Saudita.

Depois disso, Rogério não foi mais chamado por Zagallo, sagrou-se campeão paulista em 1998 e, no 2º semestre, virou titular da Seleção Brasilera, já sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, voltando a sumir das listas de convocados em 1999.

O ano 2000 foi o mais especial, pelo menos até então. Rogério marcou um gol de falta na decisão do Campeonato Paulista, contra o Santos, e, com isso, conseguiu calar os últimos críticos que tinha (muitos diziam que ele batia falta só para aparecer). Conquistou seu 2º título estadual como titular e, com a chegada de Emerson Leão no comando da Seleção, voltou a ser titular. Chegou, inclusive, a cobrar faltas com a camisa amarela e assumiu o posto de capitão no São Paulo. Porém, com a queda de Leão, em 2001, Ceni voltou a sair da lista de convocados, mas acabou sendo chamado como 3º goleiro para a Copa do Mundo de 2002, e pôde colocar o título mundial no currículo.

Em 2004, finalmente jogou sua 1ª Libertadores, na qual marcou dois gols de falta. Mas a perda do título acabou abalando até mesmo sua confiança junto a alguns torcedores.

Mas o grande ano de sua carreira ainda estava por vir. Em 2005, Rogério já começou o ano conquistando o título paulista. Na Libertadores, marcou 5 gols e foi um dos artilheiros do São Paulo na conquista do tricampeonato continetal. No final do ano, foi ao Japão e, mesmo com uma lesão no joelho, fez a maior atuação de sua carreira, segurou o ímpeto dos ingleses do Liverpool e realizou o grande sonho de sua carreira: ser campeão mundial com o São Paulo como titular (havia ficado no banco contra o Milan, em 1993). Por fim, em 2005 ele foi campeão paulista, campeão sul-americano e campeão mundial. Tudo isso para um jogador que era tachado como símbolo da "geração pipoqueira", ou de "sem vocação para títulos". Marcou o maior número de gols num mesmo ano (21) e tornou-se o recordista de jogos da história do São Paulo, ao completar 618 partidas no empate em 0x0 contra o Atlético-MG, no Mineirão.

2005 foi tão completo que o técnico Carlos Alberto Parreira, que nunca o havia chamado em 4 anos a frente da Seleção, o convocou para ser o 2º goleiro na Copa do Mundo de 2006, na qual jogou alguns minutos, na vitória por 4x1 sobre o Japão, pela 1ª fase. Ainda em 2006, perdeu a final da Libertadores, mas se tornou o maior goleiro-artilheiro do mundo e conquistou seu 1º título brasileiro.

Conquistou outros dois títulos nacionais, em 2007 e 2008. Em 2009, não conquistou nenhum título, marcou apenas 2 gols e sofreu a pior contusão de sua carreira, uma fratura no tornozelo, que o deixou 4 meses parado.

Mas em 2010 já voltou ao normal, batendo outro recorde: se tornou o maior artilheiro do São Paulo na história da Libertadores, com 11 gols.
Enfim, este é Rogério "Mito" Ceni.

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